Hoje me delonguei a pensar mais sobre morte e vida. Assisti pela enésima vez ao filme “O Auto da Compadecida”, adoro esse filme, ele foi uma de minhas inspirações quando fiz uma personagem que era mendiga.
Assistindo, viajei na maionese, revi felicidade, revi enganos, pensei nos retirantes nordestinos, de quem sou filha de sangue, pensei na labuta de sol a sol, na carne curtida, na pela ardida da seca e da fome...
Hoje, relembrei dias em que em casa, o leite servido na mesa, era só pra mim, a caçula. Lembrei do meu pai, amassando com a mão o feijão com farinha de mandioca, e me deu uma alegria de ter tido ele em minha vida.
Depois, pensei na família inteira, no meu tio Dino, que era lindo tal e qual o Mel Gibson.
Fui assim, aqui e ali catando as migalhas carcomidas do tempo e o medo da morte, não da minha morte, mas das pessoas que tenho ao meu redor, mexeu com minhas entranhas.
E aquela velha história de que devemos dizer o ‘oi’ de cada dia antes que o mesmo ‘oi’ se perca em ecos sem volta, valeu, ah... valeu.
texto by Solange Mazzeto