Espreito, sonho e dengo...
terça-feira, 27 de julho de 2010
Tristeza
vem uma onda na goela
com gosto de vegetal mal cozido
uma batida a mais
e outra a menos
no peito
é tristeza declarada
ranço de amor
azedume de tomates podres
hoje o sal escorrido
fez meu rosto arder
mas
me refiz
TEXTO: Solange Mazzeto
DESCONHEÇO A AUTORIA DA IMAGEM
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Impressionista [Adélia Prado]
Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
sábado, 12 de junho de 2010
Dia dos namôs. Dia [in] feliz
Feliz pra quem tem namô e olhe lá, porque às vezes o ‘benhê’ tá tão distante, que o cara só tá ali com o corpo, pois a alma dele foi passear pra bem longe, parece que a alma do sujeito foi para o reino tão; tão e tão distante, que o burro do desenho do Shrek nem pensou em ir...
Dia infeliz pra quem acabou de perder o amado [a]. Ou porque morreu de morte natural, ou porque foi morto [a] dentro do nosso coração.
Feliz dia dos namorados é pra quem tá de paz com a alma, e que essa alma tá ‘segura’ com a outra alma.
É isso aí!
texto; Solange Mazzeto
Dia infeliz pra quem acabou de perder o amado [a]. Ou porque morreu de morte natural, ou porque foi morto [a] dentro do nosso coração.
Feliz dia dos namorados é pra quem tá de paz com a alma, e que essa alma tá ‘segura’ com a outra alma.
É isso aí!
texto; Solange Mazzeto
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Vida & Morte
Hoje me delonguei a pensar mais sobre morte e vida. Assisti pela enésima vez ao filme “O Auto da Compadecida”, adoro esse filme, ele foi uma de minhas inspirações quando fiz uma personagem que era mendiga.
Assistindo, viajei na maionese, revi felicidade, revi enganos, pensei nos retirantes nordestinos, de quem sou filha de sangue, pensei na labuta de sol a sol, na carne curtida, na pela ardida da seca e da fome...
Hoje, relembrei dias em que em casa, o leite servido na mesa, era só pra mim, a caçula. Lembrei do meu pai, amassando com a mão o feijão com farinha de mandioca, e me deu uma alegria de ter tido ele em minha vida.
Depois, pensei na família inteira, no meu tio Dino, que era lindo tal e qual o Mel Gibson.
Fui assim, aqui e ali catando as migalhas carcomidas do tempo e o medo da morte, não da minha morte, mas das pessoas que tenho ao meu redor, mexeu com minhas entranhas.
E aquela velha história de que devemos dizer o ‘oi’ de cada dia antes que o mesmo ‘oi’ se perca em ecos sem volta, valeu, ah... valeu.
texto by Solange Mazzeto
Assistindo, viajei na maionese, revi felicidade, revi enganos, pensei nos retirantes nordestinos, de quem sou filha de sangue, pensei na labuta de sol a sol, na carne curtida, na pela ardida da seca e da fome...
Hoje, relembrei dias em que em casa, o leite servido na mesa, era só pra mim, a caçula. Lembrei do meu pai, amassando com a mão o feijão com farinha de mandioca, e me deu uma alegria de ter tido ele em minha vida.
Depois, pensei na família inteira, no meu tio Dino, que era lindo tal e qual o Mel Gibson.
Fui assim, aqui e ali catando as migalhas carcomidas do tempo e o medo da morte, não da minha morte, mas das pessoas que tenho ao meu redor, mexeu com minhas entranhas.
E aquela velha história de que devemos dizer o ‘oi’ de cada dia antes que o mesmo ‘oi’ se perca em ecos sem volta, valeu, ah... valeu.
texto by Solange Mazzeto
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Tudo
tudo passa tão rápido e quase nada muda,
ou tudo muda e nada vemos
ou tudo sentimos em mudanças e nem apercebemos
relances de outrora,
vem a tona e vem a mente
no mundo a soma de favores gera apreensões
somos notificados de mortes de toda espécie
com tiros que saem rasgando gargantas
monstros fantasiam lagos de cores sinistras
o paraíso existe, inexiste
somos soma de forças contrárias,
tem gente que ri do teu mal estar,
outros choram lágrimas de absinto por você
uns dançam quando você morre naquele cadinho de esperança,
e assim andamos ou paramos
assim crescemos ou inutilmente vegetamos,
quando podemos simplesmente... viver...
by Solange Mazzeto
ou tudo muda e nada vemos
ou tudo sentimos em mudanças e nem apercebemos
relances de outrora,
vem a tona e vem a mente
no mundo a soma de favores gera apreensões
somos notificados de mortes de toda espécie
com tiros que saem rasgando gargantas
monstros fantasiam lagos de cores sinistras
o paraíso existe, inexiste
somos soma de forças contrárias,
tem gente que ri do teu mal estar,
outros choram lágrimas de absinto por você
uns dançam quando você morre naquele cadinho de esperança,
e assim andamos ou paramos
assim crescemos ou inutilmente vegetamos,
quando podemos simplesmente... viver...
by Solange Mazzeto
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Aparição amorosa
Doce fantasma, por que me visitas
como em outros tempos nossos corpos se visitavam?
Tua transparência roça-me a pele, convida
a refazermos carícias impraticáveis: ninguém nunca
um beijo recebeu de rosto consumido.
Mas insistes, doçura. Ouço-te a voz,
mesma voz, mesmo timbre,
mesmas leves sílabas,
e aquele mesmo longo arquejo
em que te esvaías de prazer,
e nosso final descanso de camurça.
Então, convicto,
ouço teu nome, única parte de ti que não se dissolve
e continua existindo, puro som.
Aperto... o quê? a massa de ar em que te converteste
e beijo, beijo intensamente o nada.
Amado ser destruído, por que voltas
e és tão real assim tão ilusório?
Já nem distingo mais se és sombra
ou sombra sempre foste, e nossa história
invenção de livro soletrado
sob pestanas sonolentas.
Terei um dia conhecido
teu vero corpo como hoje o sei
de enlaçar o vapor como se enlaça
uma idéia platônica no espaço?
O desejo perdura em ti que já não és,
querida ausente, a perseguir-me, suave?
Nunca pensei que os mortos
o mesmo ardor tivessem de outros dias
e no-lo transmitissem com chupadas
de fogo aceso e gelo matizados.
Tua visita ardente me consola.
Tua visita ardente me desola.
Tua visita, apenas uma esmola.
Carlos Drummond de Andrade
como em outros tempos nossos corpos se visitavam?
Tua transparência roça-me a pele, convida
a refazermos carícias impraticáveis: ninguém nunca
um beijo recebeu de rosto consumido.
Mas insistes, doçura. Ouço-te a voz,
mesma voz, mesmo timbre,
mesmas leves sílabas,
e aquele mesmo longo arquejo
em que te esvaías de prazer,
e nosso final descanso de camurça.
Então, convicto,
ouço teu nome, única parte de ti que não se dissolve
e continua existindo, puro som.
Aperto... o quê? a massa de ar em que te converteste
e beijo, beijo intensamente o nada.
Amado ser destruído, por que voltas
e és tão real assim tão ilusório?
Já nem distingo mais se és sombra
ou sombra sempre foste, e nossa história
invenção de livro soletrado
sob pestanas sonolentas.
Terei um dia conhecido
teu vero corpo como hoje o sei
de enlaçar o vapor como se enlaça
uma idéia platônica no espaço?
O desejo perdura em ti que já não és,
querida ausente, a perseguir-me, suave?
Nunca pensei que os mortos
o mesmo ardor tivessem de outros dias
e no-lo transmitissem com chupadas
de fogo aceso e gelo matizados.
Tua visita ardente me consola.
Tua visita ardente me desola.
Tua visita, apenas uma esmola.
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 26 de dezembro de 2009
Carpinejar
Temos o costume de considerar bonita a letra que se entende. Mas a personalidade está no garrancho - Carpinejar -
DESCONHEÇO A AUTORIA DA IMAGEM
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