sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Chá-de-menta



cinco horas da tarde
sexta –feira nebulosa
a tarde discorria entre estar e não estar
entre sentir e não [querer] sentir

um chá de menta da horta do quintal
bombeia o sangue
acalma o estômago
já dorido

o mundo lá fora é folhas ao vento
em mim, o mundo é [des] folhado
quase lamento...


texto by Solange Mazzetp
desconheço a autoria da imagem

AROMA




o foco de teus olhos

infinita busca
te ter
infinito sonho
permanecer

seu aroma em meu seio
prazer

o devaneio
florescer

lasciva vontade
que invade o silêncio
labaredas congeladas
reprisadas

alvorecer

tua voz mesmo no filme
daquele mudo
mudou a visão
mudou o contemplar
e por você
eu só queria
...
queria
...
[re] viver
...


texto e imagem by Solange Mazzeto

sábado, 22 de novembro de 2008

Coração

Um coração bem nutrido é, intuitivamente, doador e cheio de graça. Podemos alimentar nossos corações com a energia dos pensamentos positivos e dos sentimentos puros. Quando percebemos que somos almas eternas, seres de Consciência mais do que Matéria, e que nossa natureza é benevolente e sábia, o coração cresce. Quando lembramos, com amor, que somos a prole de um Pai eterno, uma fonte de verdade eterna, o coração transborda. Este é o grande presente que podemos oferecer a cada um e ao mundo.

Brahma Kumaris

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Cisma de amor




lisos campos de marfim
um vaso de barro
o tamanco solto ao pé
um sino de sol irradiando luz
a lembrança tua guarnecida no piso do assoalho
a colher guardada na gaveta
tua fragrância em minha nádega
tudo foi cisma e tudo foi amor
agora eu canto ao vento
as palavras represadas
te toco em alucinação
desmaio ao sabor do coração
[que falha sem escutar o teu]




by Solange Mazzeto



autoria da imagem by Willian Bouguereau

Vendo

o peito tinha... pelinhos

os ombros... largos

pernas boas...

um jeito de ‘o cara’

uma camisa aberta em um, dois, três botões

[ferve a mente de uma mulher]

o cabelo... sem muita definição

um andar de tigre

um cavanhaque [pouco]

e a voz?

de querer escutar mais

e tocando?

de saborear cada detalhe

a noite foi andando para as estrelas

o sol nascendo

e eu ali

...

vendo



by Solange Mazzeto

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Borra de Café



é a borra do café
dizendo ‘verdades’
embaralhados com vinho tinto
de um romance
que se mescla entre a saliva lúgubre
com o destino vil

é a borra dos fatos
da mentira
luxúria lasciva de antas estranhas
lata de lixo
prisão perpétua
corredor da morte

é a borra da sina
da calça riscada a giz
a fedentina da tina
o lavar do corpo [não] condiz

é a borra de café espalhada pelo chão
é o diabo comendo o pão do Cristo
a macumba no mar sem cisco
a chuva que cai de olhos [insisto]

é a borra do chá
que mata um leão ao dia
é a mente que divaga
e faz crochê
pra ninguém ver...


texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem

terça-feira, 11 de novembro de 2008

É necessário

é necessário amar com os olhos fechados

o coração meio drogado

com a alma translúcida

e com a boca a dizer

...

todo tipo de tolices...

de toda ordem, de todo grau

de toda fantasia

...

é necessário conhecer poesia

cantar uma melodia

sentar no banco do jardim

...

é necessário olhar a lua

e fluir entre as janelas que descortinam à vista

lembrar de contos antigos

iluminar o outro com um sorriso

...

é necessário

relembrar fatos passados

corrigir a cisma

retomar a alegria


...

é necessário ser útil no mundo

não igual

nunca igual

mas meio que [in]diferente, meio que distante

... do ontem...

é necessário... então amar...



by Solange Mazzeto

Da dor




rasgo a dor em tiras largas
mando de volta a quem me ofereceu...


frase by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Amor Eternum


amo vivenciar a arte em cima de um tablado

amo...



amar e odiar no palco

ser a doce e a megera

ser a fada lírica dos devaneios

e ser a libidinosa mulher purulenta



amo ter um coração que bate forte quando o som estridente da campanhia urge

e me deleito ao burburinho das 'borboletas' sorridentes

que se mesclam irradiando cores no coração de cada gente



amo acompanhar o respeito de cada olho

que me olha atento

que me segue o passo e o lamento

e que ri, embalada ao som do vento

que minhas falas provocam no sangue vesgo de tanta gente



amo o teatro, porque ele tem a vida que brota do artista



e de boca aberta, vibro com a luz que sai da platéia



amo estar viva pra poder ser atriz

e ouvir lá dentro o som das palmas

que é tão somente a troca mágica de seres que querem sempre a mesma coisa

...

a m a r


texto by Solange Mazzeto
imagem by Roger Spock [eu na peça Obra do Lixo, de Alzira Andrade e Mauro H. Toledo]

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Seus olhos

seus olhos como dois lagos sinistros
me abriram um caminho
entre a loucura e a glória

você [me] tendo na graça da vez
no som da vida
no perfume de toda hora

sexo, imensidão de nados
braços se misturando
numa viagem lúdica

risos vindo de tua boca
me caiam como manto
a vida rodou

minha saia subiu centímetros do chão
seus olhos disseram tudo
e tua voz ficou sem fim
[bem dentro de mim]



by Solange Mazzeto

sábado, 1 de novembro de 2008

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