Uma tarde de férias. Ali fomos nós assistir Harry Potter, calçamos botas, agasalho pesado, um batom na boca da mãe, da filha um brilho de morango, mãos dadas, cabelos ao vento, embaladas no ritmo que o amor tem, bilhetes comprados, chocolate comprado e compartilhado, nada de pipocas, não estávamos afim, nem de refrigerante, uma água com gás e outra sem gás.
O filme começa, já assistimos os outros, esse a filhota já tinha assistido e dito: não tem nada a ver com o Livro, cortaram partes importantes e ‘enfeitaram’ com o que não devia...
Como não li o Livro, eu gostei do filme. Um filme que faz pensar em magia, em poder, em ‘fantasia’.
Tem o toque todo fantasioso, mas sei lá, tem algo de tão mágico também, tão bom de ver o lado bom, o lado mau, parece que as histórias sempre se repetem, sempre tem o lado perverso, o lado sombrio, e o lado da luz, da esperança...
Além de tudo, tem o lado da bondade ingênua, da confiança plena, da morte e da vida.
De lá, fomos comer algo, bater pernas no Shopping, ver blusinhas aqui e ali, pés doendo dos saltos, bonito pacas mulher de salto, mas a gente sofre um pouco com isso, mas é elegante, sem querer a gente se apruma se empluma pro andar ficar mais cativante.
Enfim, uma tarde divertida, onde o tempo tão chuvoso, não despertou em nós a agonia, a depressão da falta de sol. Sampa anda cinza, tomara que São Pedro pare de ‘chorar’ e que o sol volte a brilhar.
texto by Solange Mazzeto
terça-feira, 28 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Amor comprido
é um amor comprido
destilado
com cheiro de
saliva molhada no leite
é uma saudade que vai
e
não volta
que volta
e
que vai
e
bate
e
encontra um peito cansado de guerra
mas cheio de vida e mistério
mas não desses mistérios nervosos...
é um jeito sério de
sentir
com algo de engraçado
uma mistura que
inebria
Desse amor comprido
garanto-me a vontade da alegria
é um prazer tão pleno, tão bonito,
que os olhos salgam
e
piscam...
texto by Solange Mazzeto
destilado
com cheiro de
saliva molhada no leite
é uma saudade que vai
e
não volta
que volta
e
que vai
e
bate
e
encontra um peito cansado de guerra
mas cheio de vida e mistério
mas não desses mistérios nervosos...
é um jeito sério de
sentir
com algo de engraçado
uma mistura que
inebria
Desse amor comprido
garanto-me a vontade da alegria
é um prazer tão pleno, tão bonito,
que os olhos salgam
e
piscam...
texto by Solange Mazzeto
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Miragem translúcida
sacudia o céu
num rosa tom choque
camuflado em rapel
tua imagem
minha
sacudia o vento
em tons marfins
em tom pastel
tua viagem
minha
sacudia o véu
cujo farfalhar
lembrava-me
teu gemido
meu
by Solange Mazzeto
num rosa tom choque
camuflado em rapel
tua imagem
minha
sacudia o vento
em tons marfins
em tom pastel
tua viagem
minha
sacudia o véu
cujo farfalhar
lembrava-me
teu gemido
meu
by Solange Mazzeto
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Guardo o amor dobrado
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Almas... Todas
canta a viola no riacho
com o mundo rodando lá fora
esvai o céu com a acidez da mata,
o bicho solto durante uma madrugada
o peão vem solto e leva uma toada
murmúrios no campo
vela a vapor da estrada
a poeira está já a muito acelerada
paz, só isso que um homem quer
a tal da sonhada paz
que não vem de nada
só sopra dele mesmo
no fim da estiada
texto by Solange Mazzeto
com o mundo rodando lá fora
esvai o céu com a acidez da mata,
o bicho solto durante uma madrugada
o peão vem solto e leva uma toada
murmúrios no campo
vela a vapor da estrada
a poeira está já a muito acelerada
paz, só isso que um homem quer
a tal da sonhada paz
que não vem de nada
só sopra dele mesmo
no fim da estiada
texto by Solange Mazzeto
terça-feira, 14 de julho de 2009
A COISA
A Coisa
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.
{Quintana}
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.
{Quintana}
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Fênix, sempre
fogueira,
tava quente, foi quente, pipocas explodindo
quente, muito quente, pelando
tomates na mão, tetas na mão, faces delirantes
explosão
cinzas inteiras
um sopro
e tudo
feneceu
tudo menos eu
me mantive bem
mesmo chamuscada
mas
...
salva!
texto by Solange Mazzeto
tava quente, foi quente, pipocas explodindo
quente, muito quente, pelando
tomates na mão, tetas na mão, faces delirantes
explosão
cinzas inteiras
um sopro
e tudo
feneceu
tudo menos eu
me mantive bem
mesmo chamuscada
mas
...
salva!
texto by Solange Mazzeto
sábado, 11 de julho de 2009
Dia de [muita] chuva
Era uma manhã de sábado com chuva, tinindo lá fora, eu estava só em casa, filha já crescida, em férias e viajando, uns poucos dias, mas era quase estranho e ao mesmo tempo bom estar ao velho gosto de estar só, de ouvir minha própria respiração, de chorar uma lágrima, de suspirar pelo canto da sala, de cantar a música antiga das Frenéticas em frente ao espelho, e gargalhar de mim mesma, comigo mesma...
A chuva incessante não para um segundo, até pra dar comida pra minha cachorra, tive que ir de guarda-chuva, meio correndo, pra não me molhar...
Ia sair, ia ao cinema ver a Era do Gelo 3, ia só, porque gosto de ir só ao cinema, não sempre, mas pra variar eu curto isso, rir só, no meio de tanta gente rindo junto.
Gosto de ver quem chega ao cinema, como chega cada um ao seu estilo e jeito, a maioria com pipocas enormes, os sacos de pipocas estão cada vez maiores e com refil, mas acho as pipocas meio murchas, raramente estão fresquinhas, dia desses estava no interior de São Paulo e lá sim comi pipocas feitas na hora, com bastante molho de pimentas, coloquei tanta pimenta que escorregou pela minha mão, e me lembrei da minha infância... E de minha adolescência, tempo bom pra recordar. Dinheiro escasso por vezes, mas eu tinha uma alegria ímpar, tudo era bom pra mim, o passeio, o lanche, o sapato que só ganhava uma vez ao ano, em dia de Natal...
Melancolia saudosa, tempos esvoaçante de vestidos esvoaçantes, acho que é por isso que até hoje gosto muito de colocar vestidos, a sensação me agrada, restaura sempre algo de bom e prazeroso da minha vida.
Quase agora me vem à mente o gosto do beijo, beijar é bom né! O meu primeiro beijo foi ruim, muito ruim, cheguei em casa, escovando os dentes, a língua, o rosto, achei muito melado, babado, mas depois fui gostando e até hoje gosto muito do sabor do beijo na boca, o roçar da respiração, o estalido de beijinho rápido, o gemer do beijo demorado...
Mas, enfim, estou só num sábado pra lá de chuvoso. Vou acabar saindo de casa, acho que o ‘só’ já está me deixando estranha...
foto e texto by Solange Mazzeto
Camuflagem
Capas ao redor dos olhos, vestígios de falta de amor, de conceito, de educação. A mãe nada tem com isso, ou muito tem não me importa, nem tudo é culpa da mãe, insisto nisso, porque quantos marginais conseguem viver bem numa sociedade caótica, onde ele próprio foi filho de desastres de berço, conheço alguns, graças aos Céus tem gente que consegue sobreviver ao olho do furacão.
Minha mãe costuma dizer que sempre temos anjos ao nosso redor, Anjos de Deus que acampam ao nosso redor e nos protegem e nos guiam! E tem sim, pois Deus não é gente, mas Ele se faz gente através de nós [frase do querido Luís Gasparetto]
Mas, pra não perder o fio da meada, quanta gente coloca uma camuflagem e age assim durante milênios, sem quase nada querer aprender?[É porque pra aprender a gente tem que querer!] Alguns, e infelizmente conheço gente dessa natureza.
A mentira tem um fedor, que reconheço de longe, sabe que às vezes, eu quero me enganar e achar que estou 'sentindo' demais, é faço isso, afinal tenho meu instinto animal de camuflagem também, mas o legal em mim é que distingo isso em mim, aí é um grande passo pro meu progresso pessoal e intransferível de viver bem comigo mesma.
Eu gosto de estar comigo, não tenho necessidade de estar sempre rodeada de gente, acho que as pessoas que mais se camuflam, são as que mais têm necessidade de ter ‘acessórios’ a sua volta, estar nunca sozinho, sempre com muitos ‘amigos’ falando e rodeando, sei lá, posso estar enganada, se eu estiver um dia volto atrás disso tudo que escrevi e discursei, mas por enquanto é exatamente o que penso.
by Solange Mazzeto
Minha mãe costuma dizer que sempre temos anjos ao nosso redor, Anjos de Deus que acampam ao nosso redor e nos protegem e nos guiam! E tem sim, pois Deus não é gente, mas Ele se faz gente através de nós [frase do querido Luís Gasparetto]
Mas, pra não perder o fio da meada, quanta gente coloca uma camuflagem e age assim durante milênios, sem quase nada querer aprender?[É porque pra aprender a gente tem que querer!] Alguns, e infelizmente conheço gente dessa natureza.
A mentira tem um fedor, que reconheço de longe, sabe que às vezes, eu quero me enganar e achar que estou 'sentindo' demais, é faço isso, afinal tenho meu instinto animal de camuflagem também, mas o legal em mim é que distingo isso em mim, aí é um grande passo pro meu progresso pessoal e intransferível de viver bem comigo mesma.
Eu gosto de estar comigo, não tenho necessidade de estar sempre rodeada de gente, acho que as pessoas que mais se camuflam, são as que mais têm necessidade de ter ‘acessórios’ a sua volta, estar nunca sozinho, sempre com muitos ‘amigos’ falando e rodeando, sei lá, posso estar enganada, se eu estiver um dia volto atrás disso tudo que escrevi e discursei, mas por enquanto é exatamente o que penso.
by Solange Mazzeto
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Ir? Não ir
Ir, não ir, que fazer? Então escuto o som da chuva do lado de fora de minha casa, gotas grossas, curtas e longas, quase uma sinfonia do céu... A cabeça contradiz, é dois não, mil vezes a palavra sim, batendo que nem martelo no cérebro. A chuva poderia ser uma boa desculpa pra não ir, mas seria ao mesmo tempo uma desculpa esfarrapada. E também não sou feita de açúcar, ou sou?
Sabe que acho que sou meio ‘açuquinha’, que derrete com saliva! E então, vou? Fico?
Vou fazer um chá, amornar os lábios, derreter um chocolate meio amargo entre a língua e o céu da boca, sentir descer na garganta e deixar essa sensação crescer em mim, até eu decidir, até eu saber o que quero.
Sou contraditória, peso na balança, os prós e os contras, a balança pesa pro lado gostoso desse ir, mas e o lado ‘crespo’ da história?
Deixo pra lá?
texto by Solange Mazzeto
Sabe que acho que sou meio ‘açuquinha’, que derrete com saliva! E então, vou? Fico?
Vou fazer um chá, amornar os lábios, derreter um chocolate meio amargo entre a língua e o céu da boca, sentir descer na garganta e deixar essa sensação crescer em mim, até eu decidir, até eu saber o que quero.
Sou contraditória, peso na balança, os prós e os contras, a balança pesa pro lado gostoso desse ir, mas e o lado ‘crespo’ da história?
Deixo pra lá?
texto by Solange Mazzeto
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Remoço na sombra de uma tarde
Uma tarde com band-aid, um coração meio torto, e nessa estrada lá ia, cantarolando pérolas, ziguezagueando das amebas...
Um pedaço de saudade na goela, uma pedra atirada no poço da covardia, um ou dois movimentos de pálpebras salgando a face.
Vontade de esfregar a lâmina de corte na ferida e abrir até escorrer sangue. Mas não havia mais vida nisso...
O mundo roda devagar quando a dor incomoda os ânimos. Cada qual faz seu mundo, miúdo ou felizmente graúdo.
Me sento na beirada da atitude, entro de soslaio, ou inteiramente faceira?
Claro que faceira, prefiro o corte na mão, do que a covardia de não tentar...
E assim remoço nas sardas de um rosto... [o meu]
by Solange Mazzeto
Um pedaço de saudade na goela, uma pedra atirada no poço da covardia, um ou dois movimentos de pálpebras salgando a face.
Vontade de esfregar a lâmina de corte na ferida e abrir até escorrer sangue. Mas não havia mais vida nisso...
O mundo roda devagar quando a dor incomoda os ânimos. Cada qual faz seu mundo, miúdo ou felizmente graúdo.
Me sento na beirada da atitude, entro de soslaio, ou inteiramente faceira?
Claro que faceira, prefiro o corte na mão, do que a covardia de não tentar...
E assim remoço nas sardas de um rosto... [o meu]
by Solange Mazzeto
A hora do umbigo
O cheiro entrava, as narinas amanhecidas sentia o aroma de um olhar comprido, que ia da face até o umbigo, a vida mergulhava em rosas, todas sem nenhum espinho ou artifício, o adubo era escorregadio, fino... melancólico...
O café inalava a lembrança [quase tão forte, quanto aquele café que ela fazia...]
[O mundo é mesmo bolha de sabão quando a atmosfera eclode].
A fotografia estava ali pra ela espiar. Aborrecida com tanta ameba florindo seu jardim, dá o basta de misericórdia por ela mesma. Sobe ao banho, deixa sua pela macia e retira o esparadrapo do umbigo, o deixando falar...
by Solange Mazzeto
O café inalava a lembrança [quase tão forte, quanto aquele café que ela fazia...]
[O mundo é mesmo bolha de sabão quando a atmosfera eclode].
A fotografia estava ali pra ela espiar. Aborrecida com tanta ameba florindo seu jardim, dá o basta de misericórdia por ela mesma. Sobe ao banho, deixa sua pela macia e retira o esparadrapo do umbigo, o deixando falar...
by Solange Mazzeto
sábado, 4 de julho de 2009
Apresento à vocês meu poema que foi musicado
Melodia e voz: Carlos F. Ribeiro
Letra: Solange Mazzeto
Filmagem: Marlene Alves
http://www.youtube.com/watch?v=48Ul0I_Ix98
Letra: Solange Mazzeto
Filmagem: Marlene Alves
http://www.youtube.com/watch?v=48Ul0I_Ix98
TODAS
toda manhã
ela se levanta
e senta na mesa com petulância
levanta a sobrancelha que nem criança
sacode o destino na lambança
toda tarde
ela alucina na distância
que tem o pé na abóbora de trança
que tem a ginga na saia e na dança
toda noite
ela fica na parede
encostada na janela
debruçada na calçada
vivenciando a sede que [a] balança
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
O que sou
sou feita de retalhos coloridos
gargalho livre
vôo pelo espaço
sou feita de espuma de sabão
sumo de limão
colcha pelo chão
adoro comer pão
não consigo viver e criar [bem] sem a tal da paixão
sou meio sapo no lago
disciplinada com bico de guardanapo
o que sou, é o que vejo, o que não sou, não dou conta
é só [coisa de] momento...
posso amar e ‘desamar’ em questão de segundos inteiros
isso é só questão de tempo
[mas o que é o tempo?]
se amo, é porque gosto, se não gosto não tem solução
mas amo fortemente, até quem não tenho direito
sou, contraditória...
vivo para o agora
é a solução de quem sabe que não tem hora
by Solange Mazzeto [imagem e texto]
Prazer
em meio a sedas
toalha de banho
o cabelo preso no alto
uns fios escapam
água no seio
escorre lambendo a barriga
os pés sentem o espaço e voam...
livre
qual passarinho que sai do ninho
fresca, qual chuva de verão
térmica
.
.
.
by Solange Mazzeto
toalha de banho
o cabelo preso no alto
uns fios escapam
água no seio
escorre lambendo a barriga
os pés sentem o espaço e voam...
livre
qual passarinho que sai do ninho
fresca, qual chuva de verão
térmica
.
.
.
by Solange Mazzeto
Só o tempo
era uma questão de tempo, de charme, de oportunidade
um estado febril de paixão, de náusea, manuseio, instabilidade,que pode levar a estabilidade
pra cada um, um meio e uma verdade, uma maneira de encarar a cara no espelho de mil faces, de ter dom de usar o que sabe e o que não sabe
atitudes passionais, sonhos demasiados na adrenalina, a cabeça cheia de éter, Arizona em cima de um cavalo.
a mente divaga, espaça, recebe, percebe, escapa
o ar chega quente, o inalar que agüente
o volume no cérebro vazou, o líquido da face escorreu e acho que nessa ninguém venceu...
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Sombras
Sombras
o bule sobre a pia
cheira café frio
a melancolia queria colo
um dedo na memória
um rio sem saber
olhos adormecem
ao sabor do sal
texto by Solange Mazzeto
o bule sobre a pia
cheira café frio
a melancolia queria colo
um dedo na memória
um rio sem saber
olhos adormecem
ao sabor do sal
texto by Solange Mazzeto
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Pensei que não era sem classe pedir...
Pensei que não era sem classe pedir...
...pedir que Deus me trouxesse de volta, a jabuticaba dos dias de meus 6 anos de idade. Ela era tão doce, a casca tão fina... E tinha também a fruta-do-conde na árvore de minha meninice...
E a lua era tão maior que de agora?!
Ainda quando na réstia de luz de minha mente, me recordo de dias desses, o ar aprisionado em meu peito, das mágoas cantadas, saem todas e as asas de minhas costas voam contentes...
Não sou uma velha pra escrever assim, a meninice ainda clareia meus sonhos, minha boca ainda sorri em riso aberto, mas meu peito anda se fechando, quase calmo e sereno, e disso tenho é muito medo.
Mas, de medo, aprendi que é um fedelho de calças compridas, que destrói os ossos, e as vias de respiração, soube que medo derrete células, medo é um caroço de abacate na goela, e como tive a divindade de aprender a lidar com o tal, o mato agora e sem receio. Vai-te longe, oh! Sem graça, vai-te longe de mim...
Agora que aprendi a pedir, peço a Deus que o compreenda, e me compreenda afinal sinais de gelo, fumaças de alucinação, são fantoches da ira e da fraca imaginação...
Se te amo, eu te amo, e não tem mais solução, no meu seio estás guardado e deitado em meu coração, e sabes? O imagino sempre contente, com ar de gente satisfeita, qual gato estirado ao chão, daqueles gatos que amam uma réstia de sol, na brisa da janela, compreende? E sabe se esparramar sem medo, porque gato não tem medo de trepar na janela mais alta do sonho e miar, pedindo leite e um pouco de atenção...
Agora que sei pedir, peço, oh! Deus! Livrai-me sempre de qualquer entonação mais dolorida que eu possa vir a ter, por falta de minha própria atenção!
Dai-me Senhor o desejo de continuar atenta, com os olhos fogosos num céu ditoso de estrelas, onde a lua e o sol se vestem da mais macia seda,e que eu possa cavalgar na brisa, deixando a mente ser varrida pelos Elísios campos do céu...
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
Dá-me a tua mão [Clarice Lispector]
Dá-me a tua mão
Clarice LIspector
Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.
Clarice LIspector
Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Conjecturas
O céu está muito estrelado, a noção dos dias tortos deposita na mesa, uma goteira de desatenção. Um chá servido com carinho faz o milagre do agora, ser real.
Não há nada vazio, e tudo pode ser de um vazio muito profundo.
A pedra comprada é violeta, o presente não é esperado, mas será dado amanhã.
escrito by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
Sete luas
fabuloso tempo
onde nasce e morre
o desejo
houve o sopro da alegria
em rimas
houve a sorte de ter
salivas
e
saliências
nesse tempo
[ sete luas]
almas se fundiram
houve pouco tempo para o sono
[com medo de acordar e ver que era sonho]
mas foi sonho?
por favor Vida me diga...
poema by Solange Mazzeto
desconheço a aurotia da imagem
Assinar:
Postagens (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2009
(63)
-
▼
julho
(23)
- Férias
- Amor comprido
- Miragem translúcida
- Guardo o amor dobrado
- Almas... Todas
- A COISA
- Fênix, sempre
- Dia de [muita] chuva
- Camuflagem
- Ir? Não ir
- Remoço na sombra de uma tarde
- A hora do umbigo
- Apresento à vocês meu poema que foi musicado
- TODAS
- O que sou
- Razões
- Prazer
- Só o tempo
- Sombras
- Pensei que não era sem classe pedir...
- Dá-me a tua mão [Clarice Lispector]
- Conjecturas
- Sete luas
-
▼
julho
(23)