Doce fantasma, por que me visitas
como em outros tempos nossos corpos se visitavam?
Tua transparência roça-me a pele, convida
a refazermos carícias impraticáveis: ninguém nunca
um beijo recebeu de rosto consumido.
Mas insistes, doçura. Ouço-te a voz,
mesma voz, mesmo timbre,
mesmas leves sílabas,
e aquele mesmo longo arquejo
em que te esvaías de prazer,
e nosso final descanso de camurça.
Então, convicto,
ouço teu nome, única parte de ti que não se dissolve
e continua existindo, puro som.
Aperto... o quê? a massa de ar em que te converteste
e beijo, beijo intensamente o nada.
Amado ser destruído, por que voltas
e és tão real assim tão ilusório?
Já nem distingo mais se és sombra
ou sombra sempre foste, e nossa história
invenção de livro soletrado
sob pestanas sonolentas.
Terei um dia conhecido
teu vero corpo como hoje o sei
de enlaçar o vapor como se enlaça
uma idéia platônica no espaço?
O desejo perdura em ti que já não és,
querida ausente, a perseguir-me, suave?
Nunca pensei que os mortos
o mesmo ardor tivessem de outros dias
e no-lo transmitissem com chupadas
de fogo aceso e gelo matizados.
Tua visita ardente me consola.
Tua visita ardente me desola.
Tua visita, apenas uma esmola.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
sábado, 26 de dezembro de 2009
Carpinejar
Temos o costume de considerar bonita a letra que se entende. Mas a personalidade está no garrancho - Carpinejar -
DESCONHEÇO A AUTORIA DA IMAGEM
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Tarde de sexta-feira qualquer
Uma tarde que poderia ser como qualquer outra, mas tem no timbre quase um poema, um som leve que me faz viajar nas paredes do meu sonho.
Sinto uma paz como há muito não sentia, algo como uma mistura de asas volitando na barriga e plumas acariciando meu instinto.
Sinto-me menos humana, quase fada, parece que agora tudo que quero, posso ter...
Olho pra janela e vejo um céu acinzentado, brando, parece que o mundo parou de respirar, ou está naquele estágio de sono profundo, prudente.
Olho pras minhas mãos e as vejo perfeitamente ‘feitas’ pintadas como gosto, com o capricho cintilante que só minha manicure consegue.
Nesse instante tomando um gole de chá, escrevo para mim mesma, pra me ouvir...
Sinto um total desprendimento de espírito como se pudesse nesse minuto de tempo, flutuar e dançar rodopiando feita bailarina em seu solo, quase cisne, quase tão bela quanto esse tímido sol que estou a ver agora nesse finzinho dessa sexta-feira ‘qualquer’.
texto & imagem by Solange Mazzeto
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
O Olhar
Quem vê, vê o que vê, enxerga o lado esquerdo ou o direito, vê o tempo arredondar ou enfeitiçar, sente arrepios ou a libertinagem chegando de mansinho, querendo navegar.
O olho qual câmera anônima registra tudo, guarda e depois na cabana do sonho, se põe a recordar.
E na memória ali... a fotografia da mente vira semente e quer ir logo brotar.
O olhar tem quase cheiro que atiça o ronronar, qual gata ou gato faz o peito brilhar.
Acende fagulhas, desmemoria o ruim, o olho atravessa milhas só pra encontrar um lago sereno com bolhas de sabão colorindo o azul do mar.
by Solange Mazzeto
O olho qual câmera anônima registra tudo, guarda e depois na cabana do sonho, se põe a recordar.
E na memória ali... a fotografia da mente vira semente e quer ir logo brotar.
O olhar tem quase cheiro que atiça o ronronar, qual gata ou gato faz o peito brilhar.
Acende fagulhas, desmemoria o ruim, o olho atravessa milhas só pra encontrar um lago sereno com bolhas de sabão colorindo o azul do mar.
by Solange Mazzeto
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
sábado, 14 de novembro de 2009
De Mário Quintana
Os antigos retratos de parede
Não conseguem ficar longo tempo abstratos.
Às vezes os seus olhos te fixam, obstinados
Porque eles nunca se desumanizaram de todo.
Jamais te voltas para trás de repente.
Não, não olhes agora!
O remédio é cantares cantigas loucas e sem fim...
Sem fim e sem sentido.
Dessas que a gente inventava para enganar a
Solidão dos caminhos sem lua.
(do livro "Esconderijos do Tempo -
de Mário Quintana)
imagem by Solange Mazzeto
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Aceito
aceito o vento
que entre as entranhas
seca a lágrima do desejo
aceito dividir o tempo
em dois mil andares
pra chegar [...]
aceito tua palavra
como bálsamo
onde [te] lambo
te aceito
como é
porque?
te amo
texto by Solange Mazzeto
que entre as entranhas
seca a lágrima do desejo
aceito dividir o tempo
em dois mil andares
pra chegar [...]
aceito tua palavra
como bálsamo
onde [te] lambo
te aceito
como é
porque?
te amo
texto by Solange Mazzeto
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Alta Voltagem
me olha e me
retorna
rodeia [em mim]
o macho
que existe em
você
gosto de
lagartear
no seu
ombro
gosto de me
esparramar
lentamente em
você
pensa em
mim?
agora...
diz que sim
sei que sim
buracos negros
são só
buracos negros
que não se
aprumam
com mãos no
ventre
pra você
texto by Solange Mazzeto
DESCONHEÇO A AUTORIA DA IMAGEM
domingo, 8 de novembro de 2009
Quase Natal [de novo]
Quase Natal [de novo]
Parece brincadeira, o tempo anda correndo veloz que nem foguete indo pra lua. Dá susto, juro que me dá susto. Não sou tão ‘antiga’ e nem tão ‘menininha’, mas lembro que meus Natais demoravam a chegar, esperava ansiosamente o presente de Natal, onde a Empresa Estrela lançava uma boneca ao ano, e onde o gibi do Tio Patinhas era grandão e eu ficava horas lendo e relendo.
Naquele tempo Panetone era feito uma vez ao ano, ou seja, no Natal e era tão mais gostoso do que hoje, agora você vai às padarias e o ano todo tem panetones...
Está tudo tão modificado, que sinto algo estranho dentro de mim, parece que a magia natalina se mudou pra muito longe, longe demais, faz tempo que as pessoas andam virando ‘plástico’ e plástico ‘jogado’ na natureza causa destruição.
Acho que ainda temos tempo de revertermos isso, sentir de novo a terra nos pés, lembrar que somos natureza, que somos ‘bichos’.
Sabe, sinto algo parecido com medo quando percebo que falta ‘cheirar’ as pessoas, sabe que nem bicho que cheira o outro? Que sente o outro?
Ainda bem que eu tenho ‘esse bicho’ latente em mim, que meu instinto animal ainda prevalece, [embora esteja escrevendo tudo isso pra me fazer lembrar...]
Gosto da minha identidade ‘in natura’, ainda gosto de sair na chuva e molhar o corpo, ainda sinto prazer nas pequenas demonstrações que a vida me oferece.
Arre gente, que nostalgia, o Natal está de novo batendo na janelinha, fazendo sinos tocar, cantando uma musiqueta [quase ao som da lambreta, tô antiga!] querendo nos acordar!
by Solange Mazzeto
imagens: google
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Tua alma é bela
o luto me esconde o sorriso
um negrume disse...
coisas no ouvido
amordaçaram minha boca
ouvi sinos tocando
será imaginação?
me disseram: tua alma é bela
mas me sinto fera
quase estou leoa no cio
querendo matar o prazer que sinto
by Solange Mazzeto
um negrume disse...
coisas no ouvido
amordaçaram minha boca
ouvi sinos tocando
será imaginação?
me disseram: tua alma é bela
mas me sinto fera
quase estou leoa no cio
querendo matar o prazer que sinto
by Solange Mazzeto
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Tem dor
sábado, 31 de outubro de 2009
Cada dia, cada hora...cada vez
cada dia tem uma função
que me engloba e me embeleza
onde faço do meu sonho
um soneto e uma realidade
cada vez que acordo e me mexo
sinto o poder da Vida
cada hora que posso pensar
e [re] aprender
me animo diante daquilo que [ainda] não sei
cada palavra avessa que ouço
despejo pro limbo
cada palavra que meu ouvido sorri
ao ouvir
coloco um sino
pra poder [re]partir
com
você
...
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Se necessário for
se necessário for
sobrevoo minha angústia
apanho flores no quintal
recolho-me em fitas
desdobro-me em rappel
se necessário for
nem te peço boa noite
uso minha imaginação
com o som da ilusão
e escuto-te
se necessário for
amanheço igual à flor
com gotas de orvalho
[na face]
by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
domingo, 25 de outubro de 2009
Visto-te
visto-te
de
beijos
cada qual
lambida
enobreço
tua imagem
varre-me
de
maus presságios
você é
todo [meu] desejo
dentro... fora
de
meu sexo
que bate
palmas
ao te ver...
by Solange Mazzeto
de
beijos
cada qual
lambida
enobreço
tua imagem
varre-me
de
maus presságios
você é
todo [meu] desejo
dentro... fora
de
meu sexo
que bate
palmas
ao te ver...
by Solange Mazzeto
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Pegadas
seriam pegadas
na areia
pés descalços
mãos no chão
terra vermelha
seriam frases
de uma boca
que
deixa
pernas soltas
e...
leves
seriam aromas
de deixar
o
fôlego invertido
poderia ter sido
filme
em
branco e preto
ou colorido
mas foi só...
amor mexicano
sem bigode comprido
com sotaque americano
by Solange Mazzeto
na areia
pés descalços
mãos no chão
terra vermelha
seriam frases
de uma boca
que
deixa
pernas soltas
e...
leves
seriam aromas
de deixar
o
fôlego invertido
poderia ter sido
filme
em
branco e preto
ou colorido
mas foi só...
amor mexicano
sem bigode comprido
com sotaque americano
by Solange Mazzeto
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Ceder para conquistar
Ceder para conquistar
"SEJA FLEXÍVEL PARA CONQUISTAR", É UMA REGRA DE OURO. PODE SER DIFÍCIL PRATICÁ-LA, MAS DEVEMOS TREINAR A NOSSA ÍNDOLE E EDUCAR A NOSSA MENTE NESSE SENTIDO. EM ALGUNS CASOS, É PREFERÍVEL APARENTAR IGNORÂNCIA OU MESMO PERDER UMA DISCUSSÃO. QUALQUER POSSÍVEL HUMILHAÇÃO FICARÁ GRAVADA APENAS NA MENTE E POR UM PERÍODO TEMPORÁRIO. COM O PASSAR DO TEMPO, A OUTRA PESSOA PODE COMEÇAR A COMPREENDER A VERDADEIRA SITUAÇÃO E MUDAR DE ATITUDE. PODE-SE PENSAR: "EIS UMA PESSOA SINCERA", COMEÇA A ACREDITAR EM VOCÊ E ATÉ MESMO A ADMIRÁ-LO. TENDO APARENTEMENTE VENCIDO UMA DISCUSSÃO, O SEU ADVERSÁRIO SE TORNA INSEGURO POR NÃO FAZER IDÉIA DO QUE VOCÊ TEM EM MENTE. ASSIM O DERROTADO SE TORNA VENCEDOR E É POR ISSO QUE, ÀS VEZES, É PREFERÍVEL DEIXAR QUE OS OUTROS PERSISTAM EM SUAS IDÉIAS.
TENTAR IMPOR AS NOSSAS OPINIÕES É UMA PSICOLOGIA INÁBIL. AINDA QUE ESTEJAMOS CERTOS, NÃO DEVEMOS DESNECESSARIAMANTE INSISTIR EM ARGUMENTOS A NOSSO FAVOR. APRENDENDO A CEDER EM DETERMINADAS CIRCUNSTÂNCIAS, ACABAREMOS VENCENDO, PORQUE
NOS ATIVEMOS AO QUE É JUSTO E VERDADEIRO.
(Mokiti Okada, Fragmentos de Ensinamentos de Meishu-Sama)
"SEJA FLEXÍVEL PARA CONQUISTAR", É UMA REGRA DE OURO. PODE SER DIFÍCIL PRATICÁ-LA, MAS DEVEMOS TREINAR A NOSSA ÍNDOLE E EDUCAR A NOSSA MENTE NESSE SENTIDO. EM ALGUNS CASOS, É PREFERÍVEL APARENTAR IGNORÂNCIA OU MESMO PERDER UMA DISCUSSÃO. QUALQUER POSSÍVEL HUMILHAÇÃO FICARÁ GRAVADA APENAS NA MENTE E POR UM PERÍODO TEMPORÁRIO. COM O PASSAR DO TEMPO, A OUTRA PESSOA PODE COMEÇAR A COMPREENDER A VERDADEIRA SITUAÇÃO E MUDAR DE ATITUDE. PODE-SE PENSAR: "EIS UMA PESSOA SINCERA", COMEÇA A ACREDITAR EM VOCÊ E ATÉ MESMO A ADMIRÁ-LO. TENDO APARENTEMENTE VENCIDO UMA DISCUSSÃO, O SEU ADVERSÁRIO SE TORNA INSEGURO POR NÃO FAZER IDÉIA DO QUE VOCÊ TEM EM MENTE. ASSIM O DERROTADO SE TORNA VENCEDOR E É POR ISSO QUE, ÀS VEZES, É PREFERÍVEL DEIXAR QUE OS OUTROS PERSISTAM EM SUAS IDÉIAS.
TENTAR IMPOR AS NOSSAS OPINIÕES É UMA PSICOLOGIA INÁBIL. AINDA QUE ESTEJAMOS CERTOS, NÃO DEVEMOS DESNECESSARIAMANTE INSISTIR EM ARGUMENTOS A NOSSO FAVOR. APRENDENDO A CEDER EM DETERMINADAS CIRCUNSTÂNCIAS, ACABAREMOS VENCENDO, PORQUE
NOS ATIVEMOS AO QUE É JUSTO E VERDADEIRO.
(Mokiti Okada, Fragmentos de Ensinamentos de Meishu-Sama)
domingo, 30 de agosto de 2009
Uns vídeos da Banda Moral e Bons Costumes [amigos meus]
http://www.youtube.com/watch?v=Zf_kv0CendQ
http://www.youtube.com/watch?v=wVTcguOaNFs
http://www.youtube.com/watch?v=wVTcguOaNFs
domingo, 23 de agosto de 2009
Sacudidela
mente brota
no desafio do dia que acorda
um coração que levanta angustiado
sem dar conta da lição
a carne grita
uma alma rodopia livre
no curral
by Solange Mazzeto
no desafio do dia que acorda
um coração que levanta angustiado
sem dar conta da lição
a carne grita
uma alma rodopia livre
no curral
by Solange Mazzeto
sábado, 22 de agosto de 2009
Cozinha! Lugar de feiticeira?
Quer lugar melhor? Um cheiro de mãe, um tempinho pra tirar o chapéu, sentar e prosear.
Cozinha é o lugar mais mágico pra mim, gosto da ‘música’ que há ali, uma alquimia certa, ou quase certa, lembro-me dos meus primeiros bolos, eram duros, um tanto queimados nas bordas, as assadeiras de minha mãe eram todas retangulares [até hoje são], não gosto de bolo quadrado e nem retangular, gosto de bolos redondos, parecem sem fim, são mais generosos, as bordas são macias...
Comida é algo formidável de se fazer, você faz um arroz e ele sai soltinho, branquinho, ainda gosto de cortar as cebolas, amassar o alho, não uso temperos prontos, não tem graça, e uma vez eu li, que toda vez que se corta uma cebola numa casa, retira-se doenças da mesma casa. Pelo sim, ou pelo não, corto-as diariamente.
Hoje fui à feira, e uma mulher vendia alho já descascado, sei que os tempos mudaram e tem muita mulher que não tem tempo de descascar alho, sei das modernidades todas existentes no mercado, sei que por vezes, não tenho tempo também, mas arrumo tempo, uma coisa que faço? Quer saber mesmo? Quando com pressa, pego o alho, lavo bem e coloco no amassador de alho com casca e tudo, a casca fica e o alho sai em pedacinhos...
E tem mais um detalhe, a casca do alho é medicinal, tem ricas propriedades, então numa carne de panela, ou no bife, nem precisa tirar a casca, é só lavar e colocar o alho lá inteirão, o gosto não fica acentuado [então pra quem não curte o gostão forte, se safa e é bom pra saúde, olha que beleza!]
E fazer biscotinhos fritos na cozinha, passá-los em açúcar e canela? Ah! É de comer rezando no milho... Lembro-me de minha irmã mais velha fazendo os famosos bolinhos de chuva, ô tempo bom, dá saudade da ingenuidade daquele tempo, de ficar ali com ela, e comer rindo, porque essa minha irmã me faz rir...
Meu primeiro livro de culinária, foi uma série de nove livrinhos vermelhos, que meu pai me deu, eu tinha uns 8 pra 9 anos, eram de capa dura, e ensinava o beabá todinho, do mais simples bife, até o bolo de mármore, que até hoje é meu carro chefe.
É... cozinhar é mágico, e como diz Rubem Alves, nos deixa bem próximos as feiticeiras, hum... quem sabe sou uma delas!
texto e imagem by Solange Mazzeto
sábado, 15 de agosto de 2009
Água
um paladar líquido
blusa que escorrega
sede
um gemido
[em um 'q' de urgência excitada]
frio na barriga
absinto
escrita by Solange Mazzetoimagem: desconheço a autoria
sábado, 8 de agosto de 2009
Manias
ciladas vazias
abrir a porta
caminhar na rua
ver o som
que faz meu pé
caminhar sozinho
burlar o Graal
ciscar no fundo
sem sinal
ver brilhar o escuro
te falar baixinho
velar seu medo
levantar bem cedo
macular [meu] segredo
by Solange Mazzeto
abrir a porta
caminhar na rua
ver o som
que faz meu pé
caminhar sozinho
burlar o Graal
ciscar no fundo
sem sinal
ver brilhar o escuro
te falar baixinho
velar seu medo
levantar bem cedo
macular [meu] segredo
by Solange Mazzeto
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
É ... lembranças
são tantas, minhas memórias latinas, minhas memórias frescas, diárias, escondidas, ardidas...
memórias de um som que ia de um coração ao meu ouvido esquerdo, tão bom o ribombar ritmado, bombástico, sonífero...
algumas peças soltas de um quebra cabeça de lembranças pairam ao redor dos meus olhos, ali vejo rugas, lágrimas, fios de esperança
‘vejo’ uma meia de um pequeno pé, lembranças adormecidas até de um ‘xulezinho’
memórias de braços rechonchudos enlaçados no meu pescoço, com um leve tapinha nas costas, um cheirinho terno...
lembranças são balanças que a gente pendura no peito e pega uns momentos pra aguentar seguir adiante...
é... lembranças...
texto by Solange Mazzeto
imagem: desconheço a autoria
domingo, 2 de agosto de 2009
Cartas de amor
Cartas de amor
uma profusão de idéias, um calor agudo
uma flor em botão
a pétala que cai entre a dor do espinho
e a memória
...
Solange Mazzeto [texto]desconheço a autoria da imagem
terça-feira, 28 de julho de 2009
Férias
Uma tarde de férias. Ali fomos nós assistir Harry Potter, calçamos botas, agasalho pesado, um batom na boca da mãe, da filha um brilho de morango, mãos dadas, cabelos ao vento, embaladas no ritmo que o amor tem, bilhetes comprados, chocolate comprado e compartilhado, nada de pipocas, não estávamos afim, nem de refrigerante, uma água com gás e outra sem gás.
O filme começa, já assistimos os outros, esse a filhota já tinha assistido e dito: não tem nada a ver com o Livro, cortaram partes importantes e ‘enfeitaram’ com o que não devia...
Como não li o Livro, eu gostei do filme. Um filme que faz pensar em magia, em poder, em ‘fantasia’.
Tem o toque todo fantasioso, mas sei lá, tem algo de tão mágico também, tão bom de ver o lado bom, o lado mau, parece que as histórias sempre se repetem, sempre tem o lado perverso, o lado sombrio, e o lado da luz, da esperança...
Além de tudo, tem o lado da bondade ingênua, da confiança plena, da morte e da vida.
De lá, fomos comer algo, bater pernas no Shopping, ver blusinhas aqui e ali, pés doendo dos saltos, bonito pacas mulher de salto, mas a gente sofre um pouco com isso, mas é elegante, sem querer a gente se apruma se empluma pro andar ficar mais cativante.
Enfim, uma tarde divertida, onde o tempo tão chuvoso, não despertou em nós a agonia, a depressão da falta de sol. Sampa anda cinza, tomara que São Pedro pare de ‘chorar’ e que o sol volte a brilhar.
texto by Solange Mazzeto
O filme começa, já assistimos os outros, esse a filhota já tinha assistido e dito: não tem nada a ver com o Livro, cortaram partes importantes e ‘enfeitaram’ com o que não devia...
Como não li o Livro, eu gostei do filme. Um filme que faz pensar em magia, em poder, em ‘fantasia’.
Tem o toque todo fantasioso, mas sei lá, tem algo de tão mágico também, tão bom de ver o lado bom, o lado mau, parece que as histórias sempre se repetem, sempre tem o lado perverso, o lado sombrio, e o lado da luz, da esperança...
Além de tudo, tem o lado da bondade ingênua, da confiança plena, da morte e da vida.
De lá, fomos comer algo, bater pernas no Shopping, ver blusinhas aqui e ali, pés doendo dos saltos, bonito pacas mulher de salto, mas a gente sofre um pouco com isso, mas é elegante, sem querer a gente se apruma se empluma pro andar ficar mais cativante.
Enfim, uma tarde divertida, onde o tempo tão chuvoso, não despertou em nós a agonia, a depressão da falta de sol. Sampa anda cinza, tomara que São Pedro pare de ‘chorar’ e que o sol volte a brilhar.
texto by Solange Mazzeto
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Amor comprido
é um amor comprido
destilado
com cheiro de
saliva molhada no leite
é uma saudade que vai
e
não volta
que volta
e
que vai
e
bate
e
encontra um peito cansado de guerra
mas cheio de vida e mistério
mas não desses mistérios nervosos...
é um jeito sério de
sentir
com algo de engraçado
uma mistura que
inebria
Desse amor comprido
garanto-me a vontade da alegria
é um prazer tão pleno, tão bonito,
que os olhos salgam
e
piscam...
texto by Solange Mazzeto
destilado
com cheiro de
saliva molhada no leite
é uma saudade que vai
e
não volta
que volta
e
que vai
e
bate
e
encontra um peito cansado de guerra
mas cheio de vida e mistério
mas não desses mistérios nervosos...
é um jeito sério de
sentir
com algo de engraçado
uma mistura que
inebria
Desse amor comprido
garanto-me a vontade da alegria
é um prazer tão pleno, tão bonito,
que os olhos salgam
e
piscam...
texto by Solange Mazzeto
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Miragem translúcida
sacudia o céu
num rosa tom choque
camuflado em rapel
tua imagem
minha
sacudia o vento
em tons marfins
em tom pastel
tua viagem
minha
sacudia o véu
cujo farfalhar
lembrava-me
teu gemido
meu
by Solange Mazzeto
num rosa tom choque
camuflado em rapel
tua imagem
minha
sacudia o vento
em tons marfins
em tom pastel
tua viagem
minha
sacudia o véu
cujo farfalhar
lembrava-me
teu gemido
meu
by Solange Mazzeto
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Guardo o amor dobrado
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Almas... Todas
canta a viola no riacho
com o mundo rodando lá fora
esvai o céu com a acidez da mata,
o bicho solto durante uma madrugada
o peão vem solto e leva uma toada
murmúrios no campo
vela a vapor da estrada
a poeira está já a muito acelerada
paz, só isso que um homem quer
a tal da sonhada paz
que não vem de nada
só sopra dele mesmo
no fim da estiada
texto by Solange Mazzeto
com o mundo rodando lá fora
esvai o céu com a acidez da mata,
o bicho solto durante uma madrugada
o peão vem solto e leva uma toada
murmúrios no campo
vela a vapor da estrada
a poeira está já a muito acelerada
paz, só isso que um homem quer
a tal da sonhada paz
que não vem de nada
só sopra dele mesmo
no fim da estiada
texto by Solange Mazzeto
terça-feira, 14 de julho de 2009
A COISA
A Coisa
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.
{Quintana}
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.
{Quintana}
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Fênix, sempre
fogueira,
tava quente, foi quente, pipocas explodindo
quente, muito quente, pelando
tomates na mão, tetas na mão, faces delirantes
explosão
cinzas inteiras
um sopro
e tudo
feneceu
tudo menos eu
me mantive bem
mesmo chamuscada
mas
...
salva!
texto by Solange Mazzeto
tava quente, foi quente, pipocas explodindo
quente, muito quente, pelando
tomates na mão, tetas na mão, faces delirantes
explosão
cinzas inteiras
um sopro
e tudo
feneceu
tudo menos eu
me mantive bem
mesmo chamuscada
mas
...
salva!
texto by Solange Mazzeto
sábado, 11 de julho de 2009
Dia de [muita] chuva
Era uma manhã de sábado com chuva, tinindo lá fora, eu estava só em casa, filha já crescida, em férias e viajando, uns poucos dias, mas era quase estranho e ao mesmo tempo bom estar ao velho gosto de estar só, de ouvir minha própria respiração, de chorar uma lágrima, de suspirar pelo canto da sala, de cantar a música antiga das Frenéticas em frente ao espelho, e gargalhar de mim mesma, comigo mesma...
A chuva incessante não para um segundo, até pra dar comida pra minha cachorra, tive que ir de guarda-chuva, meio correndo, pra não me molhar...
Ia sair, ia ao cinema ver a Era do Gelo 3, ia só, porque gosto de ir só ao cinema, não sempre, mas pra variar eu curto isso, rir só, no meio de tanta gente rindo junto.
Gosto de ver quem chega ao cinema, como chega cada um ao seu estilo e jeito, a maioria com pipocas enormes, os sacos de pipocas estão cada vez maiores e com refil, mas acho as pipocas meio murchas, raramente estão fresquinhas, dia desses estava no interior de São Paulo e lá sim comi pipocas feitas na hora, com bastante molho de pimentas, coloquei tanta pimenta que escorregou pela minha mão, e me lembrei da minha infância... E de minha adolescência, tempo bom pra recordar. Dinheiro escasso por vezes, mas eu tinha uma alegria ímpar, tudo era bom pra mim, o passeio, o lanche, o sapato que só ganhava uma vez ao ano, em dia de Natal...
Melancolia saudosa, tempos esvoaçante de vestidos esvoaçantes, acho que é por isso que até hoje gosto muito de colocar vestidos, a sensação me agrada, restaura sempre algo de bom e prazeroso da minha vida.
Quase agora me vem à mente o gosto do beijo, beijar é bom né! O meu primeiro beijo foi ruim, muito ruim, cheguei em casa, escovando os dentes, a língua, o rosto, achei muito melado, babado, mas depois fui gostando e até hoje gosto muito do sabor do beijo na boca, o roçar da respiração, o estalido de beijinho rápido, o gemer do beijo demorado...
Mas, enfim, estou só num sábado pra lá de chuvoso. Vou acabar saindo de casa, acho que o ‘só’ já está me deixando estranha...
foto e texto by Solange Mazzeto
Camuflagem
Capas ao redor dos olhos, vestígios de falta de amor, de conceito, de educação. A mãe nada tem com isso, ou muito tem não me importa, nem tudo é culpa da mãe, insisto nisso, porque quantos marginais conseguem viver bem numa sociedade caótica, onde ele próprio foi filho de desastres de berço, conheço alguns, graças aos Céus tem gente que consegue sobreviver ao olho do furacão.
Minha mãe costuma dizer que sempre temos anjos ao nosso redor, Anjos de Deus que acampam ao nosso redor e nos protegem e nos guiam! E tem sim, pois Deus não é gente, mas Ele se faz gente através de nós [frase do querido Luís Gasparetto]
Mas, pra não perder o fio da meada, quanta gente coloca uma camuflagem e age assim durante milênios, sem quase nada querer aprender?[É porque pra aprender a gente tem que querer!] Alguns, e infelizmente conheço gente dessa natureza.
A mentira tem um fedor, que reconheço de longe, sabe que às vezes, eu quero me enganar e achar que estou 'sentindo' demais, é faço isso, afinal tenho meu instinto animal de camuflagem também, mas o legal em mim é que distingo isso em mim, aí é um grande passo pro meu progresso pessoal e intransferível de viver bem comigo mesma.
Eu gosto de estar comigo, não tenho necessidade de estar sempre rodeada de gente, acho que as pessoas que mais se camuflam, são as que mais têm necessidade de ter ‘acessórios’ a sua volta, estar nunca sozinho, sempre com muitos ‘amigos’ falando e rodeando, sei lá, posso estar enganada, se eu estiver um dia volto atrás disso tudo que escrevi e discursei, mas por enquanto é exatamente o que penso.
by Solange Mazzeto
Minha mãe costuma dizer que sempre temos anjos ao nosso redor, Anjos de Deus que acampam ao nosso redor e nos protegem e nos guiam! E tem sim, pois Deus não é gente, mas Ele se faz gente através de nós [frase do querido Luís Gasparetto]
Mas, pra não perder o fio da meada, quanta gente coloca uma camuflagem e age assim durante milênios, sem quase nada querer aprender?[É porque pra aprender a gente tem que querer!] Alguns, e infelizmente conheço gente dessa natureza.
A mentira tem um fedor, que reconheço de longe, sabe que às vezes, eu quero me enganar e achar que estou 'sentindo' demais, é faço isso, afinal tenho meu instinto animal de camuflagem também, mas o legal em mim é que distingo isso em mim, aí é um grande passo pro meu progresso pessoal e intransferível de viver bem comigo mesma.
Eu gosto de estar comigo, não tenho necessidade de estar sempre rodeada de gente, acho que as pessoas que mais se camuflam, são as que mais têm necessidade de ter ‘acessórios’ a sua volta, estar nunca sozinho, sempre com muitos ‘amigos’ falando e rodeando, sei lá, posso estar enganada, se eu estiver um dia volto atrás disso tudo que escrevi e discursei, mas por enquanto é exatamente o que penso.
by Solange Mazzeto
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Ir? Não ir
Ir, não ir, que fazer? Então escuto o som da chuva do lado de fora de minha casa, gotas grossas, curtas e longas, quase uma sinfonia do céu... A cabeça contradiz, é dois não, mil vezes a palavra sim, batendo que nem martelo no cérebro. A chuva poderia ser uma boa desculpa pra não ir, mas seria ao mesmo tempo uma desculpa esfarrapada. E também não sou feita de açúcar, ou sou?
Sabe que acho que sou meio ‘açuquinha’, que derrete com saliva! E então, vou? Fico?
Vou fazer um chá, amornar os lábios, derreter um chocolate meio amargo entre a língua e o céu da boca, sentir descer na garganta e deixar essa sensação crescer em mim, até eu decidir, até eu saber o que quero.
Sou contraditória, peso na balança, os prós e os contras, a balança pesa pro lado gostoso desse ir, mas e o lado ‘crespo’ da história?
Deixo pra lá?
texto by Solange Mazzeto
Sabe que acho que sou meio ‘açuquinha’, que derrete com saliva! E então, vou? Fico?
Vou fazer um chá, amornar os lábios, derreter um chocolate meio amargo entre a língua e o céu da boca, sentir descer na garganta e deixar essa sensação crescer em mim, até eu decidir, até eu saber o que quero.
Sou contraditória, peso na balança, os prós e os contras, a balança pesa pro lado gostoso desse ir, mas e o lado ‘crespo’ da história?
Deixo pra lá?
texto by Solange Mazzeto
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Remoço na sombra de uma tarde
Uma tarde com band-aid, um coração meio torto, e nessa estrada lá ia, cantarolando pérolas, ziguezagueando das amebas...
Um pedaço de saudade na goela, uma pedra atirada no poço da covardia, um ou dois movimentos de pálpebras salgando a face.
Vontade de esfregar a lâmina de corte na ferida e abrir até escorrer sangue. Mas não havia mais vida nisso...
O mundo roda devagar quando a dor incomoda os ânimos. Cada qual faz seu mundo, miúdo ou felizmente graúdo.
Me sento na beirada da atitude, entro de soslaio, ou inteiramente faceira?
Claro que faceira, prefiro o corte na mão, do que a covardia de não tentar...
E assim remoço nas sardas de um rosto... [o meu]
by Solange Mazzeto
Um pedaço de saudade na goela, uma pedra atirada no poço da covardia, um ou dois movimentos de pálpebras salgando a face.
Vontade de esfregar a lâmina de corte na ferida e abrir até escorrer sangue. Mas não havia mais vida nisso...
O mundo roda devagar quando a dor incomoda os ânimos. Cada qual faz seu mundo, miúdo ou felizmente graúdo.
Me sento na beirada da atitude, entro de soslaio, ou inteiramente faceira?
Claro que faceira, prefiro o corte na mão, do que a covardia de não tentar...
E assim remoço nas sardas de um rosto... [o meu]
by Solange Mazzeto
A hora do umbigo
O cheiro entrava, as narinas amanhecidas sentia o aroma de um olhar comprido, que ia da face até o umbigo, a vida mergulhava em rosas, todas sem nenhum espinho ou artifício, o adubo era escorregadio, fino... melancólico...
O café inalava a lembrança [quase tão forte, quanto aquele café que ela fazia...]
[O mundo é mesmo bolha de sabão quando a atmosfera eclode].
A fotografia estava ali pra ela espiar. Aborrecida com tanta ameba florindo seu jardim, dá o basta de misericórdia por ela mesma. Sobe ao banho, deixa sua pela macia e retira o esparadrapo do umbigo, o deixando falar...
by Solange Mazzeto
O café inalava a lembrança [quase tão forte, quanto aquele café que ela fazia...]
[O mundo é mesmo bolha de sabão quando a atmosfera eclode].
A fotografia estava ali pra ela espiar. Aborrecida com tanta ameba florindo seu jardim, dá o basta de misericórdia por ela mesma. Sobe ao banho, deixa sua pela macia e retira o esparadrapo do umbigo, o deixando falar...
by Solange Mazzeto
sábado, 4 de julho de 2009
Apresento à vocês meu poema que foi musicado
Melodia e voz: Carlos F. Ribeiro
Letra: Solange Mazzeto
Filmagem: Marlene Alves
http://www.youtube.com/watch?v=48Ul0I_Ix98
Letra: Solange Mazzeto
Filmagem: Marlene Alves
http://www.youtube.com/watch?v=48Ul0I_Ix98
TODAS
toda manhã
ela se levanta
e senta na mesa com petulância
levanta a sobrancelha que nem criança
sacode o destino na lambança
toda tarde
ela alucina na distância
que tem o pé na abóbora de trança
que tem a ginga na saia e na dança
toda noite
ela fica na parede
encostada na janela
debruçada na calçada
vivenciando a sede que [a] balança
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
O que sou
sou feita de retalhos coloridos
gargalho livre
vôo pelo espaço
sou feita de espuma de sabão
sumo de limão
colcha pelo chão
adoro comer pão
não consigo viver e criar [bem] sem a tal da paixão
sou meio sapo no lago
disciplinada com bico de guardanapo
o que sou, é o que vejo, o que não sou, não dou conta
é só [coisa de] momento...
posso amar e ‘desamar’ em questão de segundos inteiros
isso é só questão de tempo
[mas o que é o tempo?]
se amo, é porque gosto, se não gosto não tem solução
mas amo fortemente, até quem não tenho direito
sou, contraditória...
vivo para o agora
é a solução de quem sabe que não tem hora
by Solange Mazzeto [imagem e texto]
Prazer
em meio a sedas
toalha de banho
o cabelo preso no alto
uns fios escapam
água no seio
escorre lambendo a barriga
os pés sentem o espaço e voam...
livre
qual passarinho que sai do ninho
fresca, qual chuva de verão
térmica
.
.
.
by Solange Mazzeto
toalha de banho
o cabelo preso no alto
uns fios escapam
água no seio
escorre lambendo a barriga
os pés sentem o espaço e voam...
livre
qual passarinho que sai do ninho
fresca, qual chuva de verão
térmica
.
.
.
by Solange Mazzeto
Só o tempo
era uma questão de tempo, de charme, de oportunidade
um estado febril de paixão, de náusea, manuseio, instabilidade,que pode levar a estabilidade
pra cada um, um meio e uma verdade, uma maneira de encarar a cara no espelho de mil faces, de ter dom de usar o que sabe e o que não sabe
atitudes passionais, sonhos demasiados na adrenalina, a cabeça cheia de éter, Arizona em cima de um cavalo.
a mente divaga, espaça, recebe, percebe, escapa
o ar chega quente, o inalar que agüente
o volume no cérebro vazou, o líquido da face escorreu e acho que nessa ninguém venceu...
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Sombras
Sombras
o bule sobre a pia
cheira café frio
a melancolia queria colo
um dedo na memória
um rio sem saber
olhos adormecem
ao sabor do sal
texto by Solange Mazzeto
o bule sobre a pia
cheira café frio
a melancolia queria colo
um dedo na memória
um rio sem saber
olhos adormecem
ao sabor do sal
texto by Solange Mazzeto
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Pensei que não era sem classe pedir...
Pensei que não era sem classe pedir...
...pedir que Deus me trouxesse de volta, a jabuticaba dos dias de meus 6 anos de idade. Ela era tão doce, a casca tão fina... E tinha também a fruta-do-conde na árvore de minha meninice...
E a lua era tão maior que de agora?!
Ainda quando na réstia de luz de minha mente, me recordo de dias desses, o ar aprisionado em meu peito, das mágoas cantadas, saem todas e as asas de minhas costas voam contentes...
Não sou uma velha pra escrever assim, a meninice ainda clareia meus sonhos, minha boca ainda sorri em riso aberto, mas meu peito anda se fechando, quase calmo e sereno, e disso tenho é muito medo.
Mas, de medo, aprendi que é um fedelho de calças compridas, que destrói os ossos, e as vias de respiração, soube que medo derrete células, medo é um caroço de abacate na goela, e como tive a divindade de aprender a lidar com o tal, o mato agora e sem receio. Vai-te longe, oh! Sem graça, vai-te longe de mim...
Agora que aprendi a pedir, peço a Deus que o compreenda, e me compreenda afinal sinais de gelo, fumaças de alucinação, são fantoches da ira e da fraca imaginação...
Se te amo, eu te amo, e não tem mais solução, no meu seio estás guardado e deitado em meu coração, e sabes? O imagino sempre contente, com ar de gente satisfeita, qual gato estirado ao chão, daqueles gatos que amam uma réstia de sol, na brisa da janela, compreende? E sabe se esparramar sem medo, porque gato não tem medo de trepar na janela mais alta do sonho e miar, pedindo leite e um pouco de atenção...
Agora que sei pedir, peço, oh! Deus! Livrai-me sempre de qualquer entonação mais dolorida que eu possa vir a ter, por falta de minha própria atenção!
Dai-me Senhor o desejo de continuar atenta, com os olhos fogosos num céu ditoso de estrelas, onde a lua e o sol se vestem da mais macia seda,e que eu possa cavalgar na brisa, deixando a mente ser varrida pelos Elísios campos do céu...
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
Dá-me a tua mão [Clarice Lispector]
Dá-me a tua mão
Clarice LIspector
Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.
Clarice LIspector
Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Conjecturas
O céu está muito estrelado, a noção dos dias tortos deposita na mesa, uma goteira de desatenção. Um chá servido com carinho faz o milagre do agora, ser real.
Não há nada vazio, e tudo pode ser de um vazio muito profundo.
A pedra comprada é violeta, o presente não é esperado, mas será dado amanhã.
escrito by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
Sete luas
fabuloso tempo
onde nasce e morre
o desejo
houve o sopro da alegria
em rimas
houve a sorte de ter
salivas
e
saliências
nesse tempo
[ sete luas]
almas se fundiram
houve pouco tempo para o sono
[com medo de acordar e ver que era sonho]
mas foi sonho?
por favor Vida me diga...
poema by Solange Mazzeto
desconheço a aurotia da imagem
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Olhe...
domingo, 31 de maio de 2009
Tudo é [quase] questão
ser, não ser
é a questão do saber
do não saber
do ter
do não ter
do encontro, desencontrado em tanto beco e tanta estrada
um ‘zumzumzum’, um arrepio
uma idéia [des]esperada
um anjo morno
um ativo
a oração...
tudo é válvula de escape
um céu sem nuvens
o pássaro que voa bem alto
a lanterna de papel...
e tudo vira assunto besuntado em lágrimas e sorrisos estreitados
o Universo conspira, inspira
reclama, manda recadinho torto
a vida ganha, perde, lava...
a fita da vida afrouxa, esgarça, prende
... desaparece no anoitecer [amanhecer] das pálpebras...
imagem e texto by Sole Mazzeto
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Sempre? Sempre
Sempre? Sempre
sempre quis uma cabana, o mar,
passarinhos ao redor
borboletas amarelas pra olhar
sempre quis um amor de verdade
daqueles que não escondem nada
e falam tudo
sempre quis uma mão que pousasse
além do meu seio
que sentisse além do anseio
sempre quis uma voz que me acalmasse
e me abrasasse
que me despisse e me cobrisse
sempre pedi a Vida
isso tudo
para sempre
mas na realidade
[que muitas vezes é tão dura]
o sempre, é só uma ilusão
...
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
sábado, 2 de maio de 2009
Poema doce
desejo um poema doce
que escorra mel
onde a delicadeza, se mescle com a reverência
calada no seio da noite
percorro lábios
acho vogais
meu corpo se vai
num trem sem saída
num labirinto de junco
alcanço tua atmosfera
recrio tua selvageria
arrepio nos lençóis macios
teu corpo inebria minha vista
meu paraíso é você
é você
meu paraíso é você
você
by Solange Mazzeto
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Minha peça
Quem quiser ver um pedacinho da peça q to fazendo, clica aqui
http://www.youtube.com/watch?v=6NIfnCbuxZQ
http://www.youtube.com/watch?v=6NIfnCbuxZQ
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Cheiro d’alma
era uma mão que fazia descer a alça do sutiã
no olhar o pedido
o carinho
a emoção
era tesão
eu sabia que era só tesão
mas na ânsia feminina
era mais
era prazer de romance
em amor de cinema
era um apelo de nudez
com mãos espalmadas
no pescoço
na coluna
era um ajoelhar de idéias
desejadas
sem dono, sem esperança
era algo doado
membros acasalados
sem tempo pra acabar
era ímã de bocas coladas
era cheiro e vazão
d'alma
imagem: desconheço a autoria
texto by Solange Mazzeto
terça-feira, 24 de março de 2009
Algumas
algumas palavras
saem tangendo limites
arrebatando seres
cobrindo multidões
algumas verdades
são punhais de ouro
que maculam a alma
e corroem ossos
algumas pedras
são demônios
outras
são covardemente
certeiras
algumas tochas
iluminam o escuro
outras atravessam a lança
da luz
algumas palavras
me caem como gota
de um veneno insano
onde a tragédia
me [re] compõe
by Solange Mazzeto
imagem by Clara Pechansky
quarta-feira, 18 de março de 2009
Delicado
debruçada na varanda da sala
ela lia entre as folhas do café
mascando a ira
da antiga dor
debruçada em tranças fartas
ela sorria
com seu nariz de sarda
a fantasia brilhava
acalmando-a
e ela corria os olhos
entre as nuvens
perguntando-se
o porque
da
vida
e tudo a volta lhe dizia
que o mar renova
que as ondas voltam
e
que
as gaivotas
[depois de um tempo]
voam
by Solange Mazzeto
desconheço a origem da foto
terça-feira, 17 de março de 2009
Resíduos
deixastes
meus joelhos
trêmulos
minha boca
ardendo
meus pés
te
querendo
deixastes
minha mente
fervendo
meus seios
pulsando
meu coração
derretendo
pusestes
teu som
em meu
corpo
teu pulso
em
meu sonho
deixastes
resíduos
de amor
texto: by Solange Mazzeto
imagem: desconheço a autoria
domingo, 1 de março de 2009
Simples
simples roda
que me redonda a vida
um cílio no futuro
um ariscar de letras
sonho refeito
acreditar no começo,
no meio
e no recomeço
simples roçar de dedos
num olhar que
conta alguns segredos
simples crer
que finais não existem
coexistem
consistem
mas não acabam nunca
simples passo
até uma mão estendida
no fiapo de uma vida
simples esfumaçar de lanças
que se desfolham
na ferida
e tudo é tão simples
no simplismo vital
em alarmantes sons
diante do sinal
do sinal
que
faz-nos sentir pássaros
by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
SIM
sim, eu deixarei viver
o instante de tua boca
na minha boca
e de
minha boca
a tua boca
constantemente
deixarei que me leve
do paraíso a terra
em segundos
...dias, meses e anos...
enxugarei
alguma lágrima tua
que porventura
venha
parar em meu colo
te levarei às nuvens
caminharei contigo
na espuma cálida da noite
e deixarei livre
meu pé para voar
até ti
as brasas
do inferno
congelarei em túmulo,
com a inscrição
‘aqui jaz o medo’
fincarei
a bandeira da paz
em teu
e
no meu coração
porque
de mãos dadas
olhando
as estrelas
que se firmam
no céu em dádiva
está escrito
em linhas douradas,
um tanto comedidamente
tortas
que,
a alma
nossa
é una
by Solange Mazzeto
o instante de tua boca
na minha boca
e de
minha boca
a tua boca
constantemente
deixarei que me leve
do paraíso a terra
em segundos
...dias, meses e anos...
enxugarei
alguma lágrima tua
que porventura
venha
parar em meu colo
te levarei às nuvens
caminharei contigo
na espuma cálida da noite
e deixarei livre
meu pé para voar
até ti
as brasas
do inferno
congelarei em túmulo,
com a inscrição
‘aqui jaz o medo’
fincarei
a bandeira da paz
em teu
e
no meu coração
porque
de mãos dadas
olhando
as estrelas
que se firmam
no céu em dádiva
está escrito
em linhas douradas,
um tanto comedidamente
tortas
que,
a alma
nossa
é una
by Solange Mazzeto
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Pedras do destino
dia de cinzas, um choro franzino, depois agudo,
de fazer gemer o coração mais frio
até que palavras gêmeas chegaram
quebrando a maldição
duas almas misturadas
cheias de anseio e verdade
dois corações juntos
de almas amigas
e anjos com suas trombetas douradas
em raios celestes
fizeram coro
pra lavrar o dia
preciosas pedras do destino
asas violáceas, rasgadas em seda colorida
fizeram vôo e galgaram vidas
texto por Solange Mazzeto
de fazer gemer o coração mais frio
até que palavras gêmeas chegaram
quebrando a maldição
duas almas misturadas
cheias de anseio e verdade
dois corações juntos
de almas amigas
e anjos com suas trombetas douradas
em raios celestes
fizeram coro
pra lavrar o dia
preciosas pedras do destino
asas violáceas, rasgadas em seda colorida
fizeram vôo e galgaram vidas
texto por Solange Mazzeto
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Quisera eu ter no corpo o véu da despedida
doce ilusão que me rasgou ao meio
ou em mil
fez-me risos tão sonoros e precisos
ainda sinto tua mão no meu olhar
tão lindo, eras tão lindo
um menino crescido, um menino tão homem
o espio escondida
e dentro de mim, lágrimas capciosas
rezam em latim
não me atrevo mais a ti
não posso amor
o tempo urge
amanhã quem sabe será tarde
ou muito cedo,
pra te responder...
não penso amor, senão desisto
deixa-me aqui na amurada
rústica do anseio,
deixa-me assim tão quieta
como doce de vitrine
ainda a espera de seus versos...
deixa-me
by Solange Mazzeto
ou em mil
fez-me risos tão sonoros e precisos
ainda sinto tua mão no meu olhar
tão lindo, eras tão lindo
um menino crescido, um menino tão homem
o espio escondida
e dentro de mim, lágrimas capciosas
rezam em latim
não me atrevo mais a ti
não posso amor
o tempo urge
amanhã quem sabe será tarde
ou muito cedo,
pra te responder...
não penso amor, senão desisto
deixa-me aqui na amurada
rústica do anseio,
deixa-me assim tão quieta
como doce de vitrine
ainda a espera de seus versos...
deixa-me
by Solange Mazzeto
sábado, 3 de janeiro de 2009
E era amor
um golpe de ar
num inverno que não gelava
sapato de salto
cinta-liga e atitude
lances de escadas pintadas em vermelho
luz difusa
com fumaça de cigarro
e um cavanhaque
poetas
mesa de bar
vinho tinto, conhaque
e água mineral
num desatino o olhar atraiçoa e voa
a mira é certeira
a boca qual doce, molha-se em caldas quentes
e curvo-me docemente
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Memórias
Memórias
navegando entre ondas fortes
na minha ânsia senti tua pressão
teu corpo como imã colado ao meu
senti teu tesão tão misturado com o meu que eu não sei até hoje de onde saia tanto fogo
quando me lembro de você, já não é mais com uma saudade dolorida
a recordação é sentida com a alegria que tem um náufrago ao encontrar terra firme
entendi que tudo tem tempo e hora pra terminar
entendi que existem coisas eternas só no que diz respeito à alma e não a carne
um dia talvez, quem sabe, não é...
você nem estará mais em minhas memórias
será como o rio que passa e não repete suas águas...
by Solange Mazzeto
navegando entre ondas fortes
na minha ânsia senti tua pressão
teu corpo como imã colado ao meu
senti teu tesão tão misturado com o meu que eu não sei até hoje de onde saia tanto fogo
quando me lembro de você, já não é mais com uma saudade dolorida
a recordação é sentida com a alegria que tem um náufrago ao encontrar terra firme
entendi que tudo tem tempo e hora pra terminar
entendi que existem coisas eternas só no que diz respeito à alma e não a carne
um dia talvez, quem sabe, não é...
você nem estará mais em minhas memórias
será como o rio que passa e não repete suas águas...
by Solange Mazzeto
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